Assinado canto inferior direito.
Um dos principais méritos do artista plástico Lucas Pennacchi é a inquietação. Seja com tinta acrílica, areia, nanquim ou outros materiais, ele consegue transformar a sua experimentação técnica em resultados dos mais diversos, que vão desde o desenho e a aquarela a trabalhos com tinta a óleo, com várias diluições. Sua estrutura visual provém, em parte, da infância passada junto aos murais pintados na sua casa pelo pai, o artista Fulvio Pennacchi, e ao convívio com ele, principalmente a partir de 1985, quando decidiu dedicar-se à arte profissionalmente. No início, com paisagens singelas, obtinha os melhores resultados, quando deixava a imaginação o levar livremente a partir de referenciais concretos. Mostrava assim que seu ofício era o de criar, estabelecendo um padrão singular, lírico e quase ingênuo, no sentido de deixar fluir a intuição, amparando-a pela conquista do domínio técnico. Em 1993, as séries de pássaros e peixes ganharam espaço e mostravam um trabalho em que a cor ganhava um progressivo espaço. Esses animais se tornaram autênticos personagens de uma saga repleta de alegria visual, embora alguns deles pareçam, às vezes, introspectivos e mesmo tristes. Nascido sob o signo de Peixes e amante da pescaria, Lucas mergulhou no mundo desses seres com facilidade. E discorre sobre eles com desenvoltura, construindo diferentes composições, nas quais muitas vezes predominam certos padrões geométricos e repetições que surgem como recursos plásticos para explorar o espaço. Os pássaros, por sua vez, têm personalidade própria. Cada um constitui um paradigma de emoções e sentimentos, que vão dos mais positivos e alegres aos mais reservados. Bicos longos, pequenos adereços e o diálogo entre as cores são essenciais nesse processo de construção, em que o lúdico desempenha um papel primordial. Humor, lirismo e poesia se mesclam num processo criativo que envolve observação do real e imaginação. O resultado é um estilo próprio em progressiva mutação rumo a uma limpeza plástica. O uso maior dos espaços vazios, do suporte e experiências com preto e branco são provas de que Lucas Pennacchi não quer estagnar, mesclando as cores de seus pássaros e peixes e a delicadeza de suas paisagens." Oscar D’Ambrosio, jornalista e mestre em Artes Visuais pelo Instituto deArtes da UNESP, integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).