Kenji Fukuda
Origem: Brasil
Nascimento: 1943
Falecimento: 2021
Dentre os artistas nipo-brasileiros, Fukuda é uma das maiores revelações do meio. Nascido em Indiana/SP, em 1943, Fukuda dedicou-se desde pequeno a arte. Atualmente, lida com pintura, gravação e escultura. Suas obras baseiam-se em virtuosismo técnico, em domínio da matéria e invenção de claridade e transparências. Além disso, há no seu trabalho um toque de tecnologia contraposta a leveza que transcende a natureza da matéria. Fukuda participou de muitas exposições pelo Brasil e nos EUA.
Os Jogos Pan-americanos do Brasil de 2007 representaram conquistas e vitórias em vários aspectos para o povo brasileiro. Muitas das quais tenderão a cair no esquecimento coletivo. Mas se depender do artista plástico Kenji Fukuda, o evento multiesportivo realizado no Rio de Janeiro será lembrado pela eternidade. Foi ele quem construiu o monumento em homenagem ao Pan, localizado na Avenida Abelardo Bueno, mais conhecida como “Boulevard do ‘Pan”, na Barra da Tijuca. A escultura, que tem 15 metros de altura e pesa nada menos que cinco toneladas pode ser vista de longe até mesmo à noite. Chama a atenção pela beleza, tamanho e complexidade. A obra foi considerada por críticos de arte como uma das mais elaboradas do país. Segundo o jornalista Mário Margutti, trata-se de um exemplo da liberdade de expressão plástica dos artistas contemporâneos. Ela passa uma mensagem composta por signos diversos, como paz, terras brasileiras e pureza dos atletas. Embora tenha se dedicado exclusivamente à linguagem abstracionista nos últimos anos, tanto no campo da pintura como no da escultura, Fukuda optou por criar uma peça mais acessível ao grande público “Por isso, os corpos dos atletas que estão na pane inferior da escultura são figurativos e realistas, traduzindo a vontade do artista de expressar o vigor físico e as atitudes que marcam o empenho dos campeões”, observa Margutti. Acima desses corpos, está uma revoada de pombas, já em desenho mais estilizado, representando simbolicamente a paz que o esporte promove entre os povos. Em seguida, um globo terrestre, no qual se vê em alto relevo apenas os continentes americanos, de ambos os lados, demarcando a região geográfica das competições e amplificando a potência estética da obra, pela inserção dessa massa esférica. Foi somente na parte superior de toda a escultura que Fukuda fez menção à sua linguagem abstrata, na chapa de aço recortada, cujo azul é uma metáfora visual do céu do Rio de Janeiro. O conjunto é uma obra que mescla, portanto, diferentes expressões de um mesmo artista. Para Kenji Fukuda, criar um monumento de tal complexidade e porte representa o sonho de qualquer artista plástico. “Vai ficar para a história. Monumentos menores são facilmente encontrados. Também são comuns aqueles grandes, mas não tão elaborados”, observa. Sua escultura em homenagem ao PAN 2007 é um parêntesis dentro da sua trajetória, pois reflete o desafio da criação e da execução da obra mais monumental de sua carreira. Desafio vencido pelo artista, que generosamente buscou uma comunicação mais ampla com o público, ao mesmo tempo em que deixou na obra sua marca contemporânea, a assinatura de seu abstracionismo pessoal e intransferível. À noite o monumento é iluminado, e a cor branca vai mudando gradualmente para o azul. O projeto luminotécnico foi desenvolvido por Peter Gasper. Ele e sua equipe são conhecidos por permitir um novo olhar sobre a conhecida arquitetura dos prédios desenhados por Oscar Niemeyer, no final da década de 1950, para a Praça dos Três Poderes, em Brasília. Implantada em 2005, a proposta previu a utilização apenas de lâmpadas de vapor metálico. Foram necessários seis meses para que a escultura ficasse pronta. Produzida em Curitiba a pedido das empresas Carvalho Hosken e RJZ Cyrela Brazil Realty, foi o transportada em caminhão e demorou cerca de dois dias para chegar ao destino. Como precisou ser dividida em duas partes devido ao tamanho, foram necessárias mais duas semanas até que a montagem pudesse ser concluída no local definitivo. De tão grande, é até difícil de enxergar muito de perto. Além da riqueza de detalhes, o maior desafio foi fazer tudo em curto espaço de tempo. Cerca de 20 pessoas ajudaram na produção, mas Fukuda lembra que, conforme ia produzindo, surgiram problemas relacionados à construção e ao transporte.