Ismael Nery

Nasceu em 09 de outubro de 1900, em Belém (PA) e faleceu em 06 de abril de 1934, no Rio de Janeiro (RJ). Desenhista, pintor, arquiteto, cenógrafo, filósofo e poeta. Chegou ao Rio de Janeiro em 1909 e, em 1918, matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes, mas revelando-se aluno rebelde ao ensino acadêmico acabou abandonando o curso. Em 1921, viajou para a Europa. Frequentou em Paris a Academia Julian. De volta ao Brasil em 1922, realizou obras de tendência expressionista. Retornou à Europa em 1927, tendo contato com as obras de Picasso, Miró, Chagall, Giorgio de Chirico e conheceu André Breton. É considerado pela crítica um precursor do surrealismo no Brasil. Sua obra apresenta três fases: a expressionista, a cubista e a surrealista; e seus temas remetem-se sempre à figura humana: retratos, auto-retratos e nus. Em 1929, depois de uma viagem à Argentina e Uruguai, um diagnóstico revelou que era portador de tuberculose, o que o levou a internar-se em um sanatório por de dois anos. Saiu de lá aparentemente curado, porém, em 1933, a doença voltou de forma irreversível. A partir daí, suas obras mostram anatomias desfiguradas, viscerais e mutiladas que às vezes lembram objetos mecânicos e hidráulicos. Neste período desenhou a série História de Ismael Nery, uma melancólica autobiografia. Morreu em 1934, aos trinta e três anos de idade, no Rio de Janeiro. Foi enterrado vestindo um hábito dos franciscanos, numa homenagem dos frades à sua ardorosa fé católica. A obra de Nery permaneceu ignorada do público e da crítica até 1965, quando teve seu nome inscrito na 8ª Bienal de São Paulo, na Sala Especial de Surrealismo e Arte Fantástica. Suas obras foram expostas também na 10ª Bienal de São Paulo. Foram feitas retrospectivas em 1966, no Rio de Janeiro, e em 1984, no MAC-USP “Retrospectiva Ismael Nery - 50 Anos Depois”.