Georgina de Albuquerque

Georgina de Albuquerque

Origem: Brasil
Nascimento: 1885
Falecimento: 1962

Georgina de Albuquerque (1885-1962) Na Escola Nacional de Belas-Artes do Rio de Janeiro, gostava-se muito de festas. Qualquer acontecimento, mesmo aqueles de caráter puramente burocrático, revestia-se de solenidade. Dele participavam discentes e docentes, autoridades maiores e, por vezes, até o chefe da Nação. Desde 1826, quando a Escola passou a existir oficialmente, o Imperador estava presente à solenidade de encerramento do ano letivo, com a abertura do Salão em que se realizava a exposição anual e onde se reunia o que de melhor os alunos e professores haviam feito durante o ano. Era também quando se davam as premiações àqueles que foram julgados os melhores. Ocupando o trono por meio século, D. Pedro 2º, salvo por motivos de força maior, jamais deixou de comparecer às solenidades mais importantes. Na República, esse hábito talvez tenha sido descuidado por alguns Presidentes mas, ainda assim, nunca deixavam de enviar ilustres representantes para representá-los. Pois, naquele ano de 1952, uma cerimônia fora de época estava acontecendo na Escola, e havia motivos muito especiais para que fosse bastante concorrida. Primeiro, homenageava-se o Diretor que, por motivos de força maior, via-se na necessidade de afastar-se, em definitivo, do cargo. Segundo, pela primeira vez na história, uma mulher iria assumir a presidência da Escola. Tal como a Academia Brasileira de Letras, também a Escola de Belas-Artes era extremamente conservadora, refratária a mudanças, e restrições se faziam até para a inclusão de mulheres no corpo discente. Quem era esta, pois, esta mulher que, rompendo todas as barreiras, conseguira tornar-se professora e, por fim, diretora de tão importante Instituição? Entre discursos inflamados e palmas calorosas, vindas de autoridades, professores e alunos entusiasmados, Georgina de Moura Andrade Albuquerque assumia, com todas as honras, glórias e inegável mérito, a direção da Escola Nacional de Belas-Artes, em cujos bancos, no início do século iniciara seus estudos de pintura, e em cujo recreio veio a enamorar-se de outro aluno, que tornou-se seu companheiro de jornada, até que a morte os separou.

A alma gêmea

Na Escola, a moça teve seu caminho guiado por grandes mestres, como Henrique Bernardelli, um mexicano radicado no Rio de Janeiro e, coincidentemente, irmão do escultor Rodolfo Bernardelli, que vinha dirigindo a Instituição há mais de 15 anos. Teve também seu ponto de ruptura com o ensino regular, ao conhecer um veterano estudante, Lucílio de Albuquerque, com quem iniciou um namoro, vindo a casar-se com ele um ano depois, em março de 1906. Não que isso lhe trouxesse prejuízos aos estudos, muito pelo contrário. Lucílio, que viera do Piauí para estudar pintura, era aluno da Escola desde 1896 e, ao casar-se, já seguia o último ano do curso, enquanto ela engatinhava ainda no segundo ano. Acontece que, expondo no Salão de 1906, com seu quadro Anchieta e o Poema da Virgem, Lucílio sensibilizou a Comissão Examinadora, que lhe concedeu o Prêmio de Viagem à Europa, para uma estada de dois anos. Georgina teve, pois, de trancar sua matrícula, para acompanhar o marido, e ambos permaneceram em Paris, não por dois, mas por cinco anos, freqüentando primeiro a École des Beaux-Arts e depois o Curso Julien, passagem quase que obrigatória de nossos bolsistas.


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